5 de janeiro de 2025

Transição ou Exposição? A pergunta que fica é: essas denúncias ficarão apenas no palco da internet, alimentando curtidas e comentários inflamados, ou se transformarão em ações concretas?

O novo ano começa e, com ele, os recém-empossados prefeitos de várias cidades já fazem questão de utilizar as redes sociais para exibir um cenário caótico das repartições públicas que receberam. Fotografias de prédios deteriorados, documentos empilhados em desordem e móveis danificados se tornaram o novo repertório de denúncias públicas. Contudo, o que chama atenção é: por que essas revelações vêm à tona apenas agora, quando os holofotes da posse ainda estão brilhando?

Afinal, não é de hoje que ouvimos falar das equipes de transição, uma ferramenta essencial criada exatamente para garantir uma passagem de bastão tranquila entre administrações. Durante todo o mês de dezembro, prefeitos eleitos têm a prerrogativa de montar uma equipe que trabalha ao lado da gestão que está saindo. Essa equipe tem a responsabilidade de verificar documentos, conhecer a situação financeira, administrativa e estrutural do município e levantar problemas que, se identificados a tempo, poderiam ser encaminhados aos órgãos competentes, como o Ministério Público, antes mesmo do início da nova gestão.

Então, a questão que paira no ar é: se as irregularidades são tão flagrantes quanto as imagens compartilhadas sugerem, por que não foram denunciadas no mês anterior? Por que não aproveitaram a presença das equipes de transição e, principalmente, dos próprios ex-gestores para esclarecer as situações? Seriam essas exposições tardias apenas um espetáculo para redes sociais, mais voltadas para impressionar a população do que para realmente resolver os problemas?

É claro que chamar atenção para os desafios encontrados é importante, mas não seria mais efetivo apresentar as provas a quem de fato pode tomar medidas legais? O Ministério Público, por exemplo, está à disposição para receber denúncias e investigar eventuais ilegalidades. Se há algo de errado, por que limitar-se às redes sociais, que muitas vezes transformam esses casos em fofoca virtual ao invés de garantir soluções práticas?

A pergunta que fica é: essas denúncias ficarão apenas no palco da internet, alimentando curtidas e comentários inflamados, ou se transformarão em ações concretas? Porque, no fim das contas, o papel de quem assume a gestão não é apenas criticar o passado, mas, sobretudo, trabalhar pelo futuro. O palco político precisa de menos drama e mais eficiência — e isso, a população espera, deve começar logo no primeiro ato.

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